Para exercer habilidades como o planejamento, a organização, a direção e o controle, as pessoas exercitam a metade esquerda do cérebro. Essas habilidades são resultado de uma visão de mundo baseada nas leis da física de Isaac Newton, para a qual a realidade é inequivocamente objetiva, os efeitos são previsíveis e todo o conhecimento surge por intermédio de análises. Uma visão de mundo baseada nessas suposições requer aptidões de pensamento lógicas e lineares. Para a doutora em aconselhamento pela Northern Illinois University Charlotte Shelton – que participa, nesta quarta-feira, do “Tá na Mesa”, na Federasul – o foco total nessas habilidades não é essencial. Hoje, segundo a norte-americana, precisamos de uma visão “quântica” de mundo – isto é, ver o universo como um sistema dinâmico, imprevisível, subjetivo e auto-organizador e não como uma máquina previsível e objetiva. Nesta concepção, é preciso que cada um se deixe guiar por “habilidades quânticas” – capacidades trabalhadas pelo lado direito do cérebro. Segundo Charlotte, estas aptidões são inatas e universais, mas acabam sufocadas por instituições como família e escola, dentre outras organizações sociais. “Quando nos tornamos adultos, a maioria de nós já as esqueceu. Elas estão profundamente enterradas no inconsciente, mas podem ser despertadas. Com treinamento, é possível engajar os dois lados do cérebro”, explica Charlotte, em entrevista a AMANHÃ Online, por e-mail.
Ela transpôs essas habilidades para o território empresarial no livro Gerenciamento Quântico, publicado em 1997. Trata-se de um guia para mudar fundamentalmente as pessoas e seus locais de trabalho. A premissa básica é de que a empresa espelha as crenças e valores coletivos e individuais dos seus funcionários. Logo, é possível que as pessoas aprendam a mudar seus ambientes de trabalho ao aprender a mudar a si mesmas. Charlotte esclarece que um indivíduo que haja dominado as habilidades quânticas teria presente as seguintes qualidades: otimismo, inovação, intuição, ética, confiança e desenvoltura ao se relacionar. Um caso de aplicação do pensamento quântico é a Canadian Food and Drug Administration, que treinou seus funcionários para desenvolver essas habilidades como parte de uma iniciativa para transformar a agência governamental tradicional, lenta e burocrática, em um órgão flexível, com espírito empreendedor. “Eu vi resultados dramáticos em muitas corporações que foram minhas clientes. Este modelo resulta em uma mudança positiva que pode ser medida nas atitudes dos funcionários, na rapidez em inovar e na melhoria dos resultados financeiros”, garante Charlotte.
Charlotte, que é uma das fundadoras da consultoria Wise Work, vem ao Brasil a convite da ONG Parceiros Voluntários. Ela vai aplicar os conceitos do Gerenciamento Quântico no trabalho da ONG e fará parte do grupo responsável pelo planejamento estratégico da entidade e do Instituto Aprender Ser durante os próximos cinco anos. A autora também vai abordar o tema Gerenciamento Quântico – Uma Vivência Empresarial nesta quarta-feira (22), na reunião-almoço Tá Na Mesa.
